::Confraria do Júri::

 
 

 

      

Enquete

Você é a favor da ampliação da competência do Tribunal do Júri para outros crimes seguidos de morte?
 
Sim, para qualquer crime doloso seguido de morte.
Sim, com exceção do estupro seguido de morte.
Não. A competência do Tribunal do Júri deve permanecer a mesma.
Não tenho opinião formada.

 
Ver resultados
 
  
  
     Notícias
 
31/07/2025  - CNMP: ''Combater a violência contra a mulher exige mais que leis: é preciso estrutura, escuta e articulação'', destaca corregedor nacional
 
CNMP

Em entrevista ao Correio Braziliense, corregedor nacional do MP, Ângelo Fabiano, defende atuação mais humana e integrada da rede de proteção contra o feminicídio

A mulher que decide denunciar uma agressão, com frequência, depara-se com atendimento precário, acolhimento insuficiente e falta de apoio efetivo. Delegacias despreparadas, ausência ou insuficiência de abrigo, falhas no acolhimento e dificuldades para realização de perícias compõem um cenário preocupante revelado pelo corregedor nacional do Ministério Público, Ângelo Fabiano Farias da Costa. Em entrevista ao jornal Correio Braziliense, publicada nesta quinta-feira, 31 de julho, ele afirma que combater a violência contra a mulher exige mais que leis: é preciso estrutura, escuta e articulação entre instituições.

De acordo com o corregedor, as falhas na rede de proteção às mulheres acontecem em todas as regiões do país. “O ambiente da delegacia, muitas vezes, é feito para receber o criminoso. Não há um cuidado especial com a mulher”, revela. A falta de acolhimento adequado, segundo ele, pode impedir o relato da violência, a formalização da denúncia e, em última instância, custar a vida da mulher.

Para enfrentar esse cenário, a Corregedoria Nacional tem intensificado a atuação no acompanhamento das estruturas e práticas do Ministério Público em todo o Brasil. As correições, que antes avaliavam de forma geral o trabalho dos membros do MP, agora são temáticas. Uma das prioridades da atual gestão é justamente o combate à violência doméstica e ao feminicídio. “Decidimos verificar se é possível aperfeiçoar a atuação do Ministério Público e recomendar ou determinar melhorias nesse trabalho - no que depende do próprio MP”, afirma Ângelo Fabiano.

Entre as medidas adotadas pela Corregedoria do MP, o corregedor destaca a Recomendação de Caráter Geral nº 3/2025, editada em março, que orienta os promotores de Justiça a aprimorarem o acolhimento de vítimas. O documento propõe um fluxo de atuação mais humanizado e atento à busca por outras formas de prova, como fotografias, testemunhos e registros médicos, quando não há exame de corpo de delito disponível.

A urgência de ações eficazes ganha ainda mais relevância diante dos dados recentes do Anuário Brasileiro de Segurança Pública. Em 2023, o número de mortes violentas no país diminuiu, mas o de feminicídios subiu 1,2% em relação ao ano anterior, totalizando 1.492 mulheres assassinadas por razões de gênero. Segundo o corregedor, a maioria desses crimes ocorre dentro de casa, sem que o Estado tenha tempo de agir. “Mais de 70% das mulheres que morreram vítimas de feminicídio não tinham medidas protetivas de urgência concedidas”, revelou.

Outro dado citado por Ângelo Fabiano: em 2023, foram registrados mais de 87 mil casos de estupro no país. Quase 80% das vítimas eram meninas menores de 14 anos, e 65% desses crimes ocorreram no ambiente doméstico. “Ou seja, o ambiente doméstico hoje virou, de fato, um cenário de prática de crimes contra mulheres e contra crianças e adolescentes - a maioria meninas - que sofrem esses crimes, que certamente deixam traumas para toda a vida, especialmente no caso dos estupros. E o que temos visto, nas reuniões com os governadores, é a grande dificuldade em combater o feminicídio”.

A atuação da Corregedoria inclui articulações com governos estaduais e prefeituras. Até o momento, o corregedor já se reuniu com 20 governadores e centenas de prefeitos. O objetivo é impulsionar melhorias na rede de atendimento à mulher, na assistência social e na criação dos chamados grupos reflexivos, que são espaços de reeducação de agressores para prevenir a escalada da violência.

Para Fabiano, a atuação do MP precisa ser ampliada e aprimorada com capacitação de promotores que atuam em áreas como família e infância, que podem identificar sinais de violência antes que ela se agrave. O corregedor defende ainda a importância da educação e da conscientização como caminhos de transformação.

Veja a íntegra da entrevista.

Voltar


comente/critique essa matéria

 

 Confraria do Júri - Rua 6, s/nº, CPA - Cuiabá/MT