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18/09/2014  - Caso Bernardo: Testemunhas ouvidas em Frederico Westphalen dão detalhes do planejamento do crime
 
MP-RS

Mais oito testemunhas arroladas pelo Ministério Público foram ouvidas na manhã desta quinta-feira, 18, durante nova audiência de instrução do processo criminal referente à morte do menino Bernardo Uglione Boldrini. Os Promotores de Justiça Rogério Fava Santos e Silvia Jappe, titular do processo, participaram da audiência, realizada no Fórum de Frederico Westphalen. Os trabalhos foram presididos pelo Juiz de Direito Jairo Cardoso Soares. Também estiveram presentes os Advogados de defesa dos réus Leandro Boldrini, Graciele Ugulini, Edelvânia Wirganovicz e Evandro Wirganovicz, estes dois últimos presentes.

Das 25 testemunhas arroladas pelo MP, já foram ouvidas 23, faltando apenas duas. Na sequência será a vez das testemunhas de defesa e, posteriormente, o interrogatório dos réus. De acordo com a Promotora de Justiça Silvia Jappe, os depoimentos prestados pelas testemunhas em Frederico Westphalen foram importantes para corroborar a tese acusatória do Ministério Público e trouxeram vários detalhes sobre questões importantes do planejamento do crime, como a compra do medicamento aplicado na vítima e as ferramentas utilizadas para ocultação do cadáver, além das evidências em relação à participação dos denunciados.

DEPOIMENTOS

A primeira testemunha a depor foi a funcionária da farmácia na qual foi adquirido o medicamento aplicado em Bernardo Boldrini. Ela relatou que atendeu Edelvânia Wirganovicz e Graciele Ugulini e confirmou que a amiga da madrasta do menino já era cliente do estabelecimento. Por esse motivo disse ter certeza ter sido ela a compradora. Graciele, conforme o depoimento, aguardou próximo à porta e também foi reconhecida pela testemunha, após os fatos terem sido revelados e a imagem dela divulgada. A funcionária confirmou que o medicamento vendido foi o Midazolam e que houve a retenção da receita, por se tratar de medicamento controlado.

Na sequência, foi ouvido o proprietário da ferragem na qual foram compradas a cavadeira e a pá usadas para abrir a cova para ocultar o corpo da vítima. O homem disse já conhecer Edelvânia de vista. Conforme relatado, ela não quis levar a nota fiscal do material adquirido. Questionado pelos Promotores de Justiça, a testemunha confirmou que a cavadeira e a pá apreendidas posteriormente pela Polícia Civil são iguais e da mesma marca das vendidas por ele às duas mulheres.

Logo após, foi a vez da fala do proprietário da construtora que vendeu um apartamento para Edelvânia Wirganovicz. Ele explicou como se deu a negociação. Do total de R$ 98 mil do valor do apartamento, foram pagos pela ré duas parcelas de R$ 6 mil. Segundo o empresário, a primeira parcela foi paga em outubro de 2013, por meio de depósito bancário. A segunda, próximo à data da morte de Bernardo Uglione Boldrini, foi quitada em espécie, com notas de R$ 50 e R$ 100. De acordo com a denúncia do MP, o valor em dinheiro vivo para quitação da segunda parcela, que já estava atrasada, foi repassado a Edelvânia por Graciele e Leandro, como parte do pagamento pela participação dela no crime.

Também foram ouvidos nesta manhã um policial militar aposentado e um funcionário seu. Ambos relataram ter avistado, dias antes da morte do menino Bernardo, o veículo de Evandro Wirganovicz próximo ao local onde o corpo da vítima foi encontrado posteriormente. Na ocasião, o fato causou estranhamento ao PM aposentado. Ele então anotou a placa e entrou em contato com a Brigada Militar, que confirmou que se tratava do automóvel do réu. O policial, que possui uma propriedade rural vizinha a da mãe de Edelvânia e Evandro Wirganovicz, na área rural de Frederico Westphalen, observou que na data o rio que passa próximo ao local estava muito raso. “Naquelas condições em que estava não teria como se pegar peixe e o Evandro era conhecedor dessa situação”, disse, em contrariedade ao alegado pelo réu de que estaria no local pescando. Por ser um conhecedor da área, o homem disse que a distância da residência da mãe de Evandro até o rio era de aproximadamente 150 metros, o que não justificaria a necessidade do deslocamento de automóvel para uma pescaria.

Outro que falou como testemunha de acusação foi o funcionário de uma ferragem na qual inicialmente foi tentada a compra dos instrumentos para abrir a cova na qual seria enterrado Bernardo Boldrini. Ele confirmou que conhecia Edelvânia e que ela perguntou se no local poderia adquirir material para abrir um buraco. Ele então disse que não e indicou o estabelecimento no qual as ferramentas foram compradas.

Dando continuidade, outro vizinho da propriedade na qual morava a mãe dos irmãos Wirganovicz relatou que dias antes da morte de Bernardo avistou um carro da mesma marca e modelo do pertencente a Edelvânia estacionado na porteira de sua propriedade. Ele falou que a distância entre o local onde o veículo estava até o matagal no qual foi enterrado o corpo de Bernardo Boldrini é de aproximadamente 100 metros.

A última testemunha a ser ouvida na audiência desta quinta-feira foi a esposa de Evandro Wirganovicz. Em sua fala, ela apresentou diversas contradições em relação ao depoimento que tinha prestado à Polícia. Durante o inquérito policial havia dito que não lembrava do marido ter voltado para casa com peixes, porém hoje descreveu detalhes do resultado da pesca. A mulher também apresentou uma versão diferente para o choro do marido, quando questionado por ela se teria participação no crime. Em depoimento à Polícia, ela havia informado que desconfiou do envolvimento dele e que quando perguntado Evandro apenas chorou. Hoje disse que o choro teria sido “de raiva” pela participação da irmã. Questionada pelos Promotores de Justiça dos motivos para a mudança de versão dos fatos a testemunha não explicou.

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